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Os Estados Unidos apresentaram nesta terça (31) uma proposta para cortar 28% de suas emissões de gases poluentes.


O plano, entregue formalmente à ONU, confirma o anúncio feito em novembro de 2014, quando o país se comprometeu a reduzir, em 2025, entre 26% e 28% das emissões em relação a 2005.


Na proposta, os EUA citam medidas como padronizar medidas que economizem combustível nos veículos e criar regulações para cortar as emissões de carbono de usinas e de metano do setor de óleo e gás.


Muitas dessas ações fizeram com que o presidente americano Barack Obama travasse uma briga com os republicanos, que controlam o Congresso e o Senado. O governo também recebeu ameaças de processos judiciais por parte da indústria e até ameaças de Estados americanos, que questionaram a autoridade legal do presidente em impor essas regulações.


O anúncio faz parte de uma estratégia para pressionar por um acordo mundial na próxima Conferência sobre Mudança Climática, marcada para o fim deste ano, em Paris.


Em novembro do ano passado, a China também assumiu um compromisso: atingir o ápice de suas emissões de CO2 no máximo até 2030, quando então elas deverão começar a cair. Para isso, o país pretende investir para que 20% de sua energia tenha origem em fontes não poluentes.


México, União Europeia, Suíça, Noruega e Rússia também já apresentaram seus planos para reduzir as emissões de carbono, cumprindo o prazo informal da ONU, que ia até dia 31 de março.


Outros países, como Índia, Brasil, Canadá e Japão, ainda devem produzir suas propostas.





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

Levantamento obtido com exclusividade pela Folha indica que a presidente Dilma Rousseff, em seu primeiro mandato, reduziu para R$ 1,78 bilhão os gastos com prevenção e combate ao desmatamento na Amazônia.


Em relação à despesa do governo anterior (R$ 6,36 bilhões), uma queda de 72%.


A pesquisa foi realizada pelo portal Infoamazônia, coordenado pelo jornalista Gustavo Faleiros. O relatório, "A Política do Desmatamento", será apresentado nesta terça-feira (31).


O antropólogo Ricardo Verdum reuniu os dados sobre gastos relacionados ao Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) por meio do Siga Brasil, sistema de informações sobre orçamento público do Senado.


O Ministério do Meio Ambiente (MMA) apresenta valores diferentes, pois leva em consideração os investimentos previstos no plano em suas três fases.


O relatório cobre os anos de 2007 a 2014. Esse período coincidiu com a manutenção da queda nas taxas de desmatamento iniciada em 2005. Desde então, elas despencaram de 27.772 km2 (2003-04) para uma estimativa preliminar de 4.848 km2 em 2013-14 (ou seja, nos 12 meses até julho do ano passado), uma diminuição de 83%.


Há sinais, no entanto, de que a devastação na Amazônia pode aumentar neste ano. Desde esse último dado anual fechado (2013-14), o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), de Belém, registrou em seu sistema SAD o total de 1.702 km2. Um salto de 215% sobre o intervalo agosto-fevereiro anterior.














Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

A confirmação dessa tendência, contudo, só virá com os dados oficiais do programa Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no final do ano. Sistemas de alerta como o SAD e o Deter (do Inpe) trabalham com grandes margens de erro.


Entre agosto de 2013 e janeiro de 2014, o Deter apontou 1.162 km2; nos mesmos meses de 2014 para 2015, o sistema apontou 2.215 km2 –incremento de 91%.


NOVO PATAMAR


Nos últimos seis anos, desde que a destruição da floresta amazônica caiu abaixo dos 10 mil km2 anuais, a taxa tem oscilado em torno de 4.850 km2 (o triplo da área do município de São Paulo). Mantido esse ritmo, o Brasil cumpriria sua meta voluntária de reduzir em 80% o desmate até 2020.


Há a suspeita, no entanto, de que o combate à devastação esbarrou numa espécie de piso. De ora em diante seria difícil rompê-lo, em especial se o governo se fixar só em ações de repressão, como a Operação Castanheira, que desarticulou uma quadrilha de grileiros atuante em Novo Progresso (PA) há oito meses.


Segundo o MMA, após essas prisões o desmatamento caiu 65% na região da rodovia BR-163.


Além disso, os R$ 17,4 bilhões em autuações já aplicadas pelo Ibama não querem dizer muita coisa. Estima-se que apenas 1% dessas multas termina de fato recolhido.


A análise dos gastos do governo federal feita pelo Infoamazônia indica que o Planalto tem privilegiado as operações policiais, de comando e controle, como se diz. Em segundo plano ficaram as medidas voltadas a criar alternativas econômicas menos predatórias que a exploração ilegal de madeira seguida de desmate e pecuária extensiva.


O PPCDAm foi criado ainda durante a gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente (MMA), após o recrudescimento das taxas de desmate em 2004. O plano se organiza em torno de três eixos: ordenamento territorial e fundiário; monitoramento e controle; fomento a atividades de desenvolvimento sustentável.


O Infoamazônia classificou dispêndios do PPCDAm com base nessas rubricas e verificou um padrão no governo Dilma ainda mais preocupante que a redução de 72% nos gastos. As ações de fomento, como o apoio ao extrativismo e ao manejo sustentável de florestas para extrair madeira, foram as que mais sofreram.


No segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2007-2010), o fomento recebeu R$ 4,58 bilhões. No quadriênio seguinte, 2011-2014, esse item despencou para R$ 638 milhões, ou 86% menos.


Quando se consideram os gastos anuais, a evolução parece ainda mais sombria. Em 2008, o governo Lula gastou R$ 1,9 bilhão com fomento. Em 2014, Dilma ficou em R$ 17 milhões.


As iniciativas de ordenamento, como revisão de títulos fundiários e cadastramento ambiental rural (CAR), foram menos atingidas. De R$ R$ 820 milhões (Lula-2), caíram para R$ 436 milhões (Dilma-1), um corte de 47%.

Não foi só o dispêndio que encolheu. Lula criou 350 mil km2 de áreas protegidas (unidades de conservação e terras indígenas), segundo o relatório. Dilma subtraiu 913 km2 de sete unidades.


O item menos afetado pelo corte foi o de monitoramento e controle, em que se encaixam as ações do Ibama com a Polícia Federal e a modernização dos sistemas de satélite (Prodes e Deter). A redução aí alcançou 27%, de R$ 959 milhões para R$ 703 milhões.


TEMPO DE BONANÇA


Mauro Oliveira Pires, que já chefiou o combate ao desmatamento no MMA e atuou como consultor do relatório "A Política do Desmatamento", afirma que o desmatamento "galopante" pode voltar, se o governo não fizer mais que fiscalização ambiental.


"Quase nada foi investido em política florestal, em favorecer o comércio legal de madeira. Paga-se mais imposto na atividade do manejo florestal do que na de pecuária, e as concessões florestais estão paralisadas", diz. "Temos de aproveitar o tempo de bonança, de desmatamento baixo, para fazer as grandes mudanças estruturais."


"O governo federal parece ter entrando numa zona de conforto com o desmatamento médio de cerca de 5.000 km2 nos últimos três anos", aponta Adalberto Veríssimo, do Imazon. "Esquece que o desmatamento da Amazônia brasileira é ainda um dos maiores do mundo. Está na hora de o Brasil ser mais ousado e propor um desmatamento inferior a 1.000 km2 em 2020."


Para Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA), "o fomento a atividades sustentáveis seria o caminho para uma efetiva mudança no modelo de ocupação de desenvolvimento econômico da região, e sua baixíssima execução orçamentária demonstra que está longe de ser uma preocupação ou prioridade para o governo".


Segundo Paulo Barreto, também do Imazon, "a redução de gasto era previsível, dado que o PPCDAm perdeu o seu ponto principal, que era uma articulação na Casa Civil para tentar facilitar o diálogo intra-governo".





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) discorda das cifras de gastos do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) apurados no relatório "A Política do Desmatamento".


Na sua resposta, a pasta usa valores de "investimentos previstos" nas três fases do plano: R$ 394 milhões, R$ 936 milhões e R$ 1,4 bilhão.


"Não concordamos com os valores apresentados no estudo, pois ele deveria ter se debruçado sobre as ações do plano e checar quanto daquilo foi de fato executado", diz a nota. "Pode-se observar que o estudo aponta valores muito superiores aos previstos, causando estranheza."


No entanto, o próprio ministério diz que "esses recursos não representam os investimentos totais do governo no combate ao desmatamento, uma vez que não consideram os custos operacionais com pessoal e infraestrutura".


O MMA reitera que 2014 teve a segunda menor taxa de desmatamento desde 1988: "Não se alcança esse resultado sem um esforço concentrado do governo".


O ministério afirma que o eixo de fomento do PPCDAm foi o que recebeu mais investimentos, 73% acima dos dedicados a ordenamento fundiário e territorial e 46% superior aos de monitoramento e controle.


Além disso, o MMA diz não ser possível afirmar que o desmatamento esteja crescendo.





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

Galinhas são animais de visão, diz a ciência. Perto delas, somos uns daltônicos.


Cientistas descobriram que suas retinas têm cinco cones sensíveis à cor. Humanos têm só três, que enxergam comprimentos de vermelho, azul e verde –o resto é mistura. Galinhas nos superam com um cone para violeta e alguns comprimentos ultravioleta e com um quinto receptor, ainda pouco compreendido.














Tatiane Rosa/Tatiane Rosa/Folhapress
Galinha da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, no campus de Pirassununga
Galinha da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, no campus de Pirassununga

Além disso, no ano passado cientistas de Princeton (EUA) mostraram que os átomos do olho da galinha se organizam num estado da matéria inédito na biologia, com propriedades tanto de cristal sólido quanto de líquido. Tal arranjo permite que cores sejam recebidas de forma muito nítida.


Foi assim que o olho da galinha foi parar na revista científica "Physical Review", entre artigos sobre temas da física como dissipação de energia ou mecânica quântica.


Isso tudo faz com que seja difícil imaginarmos como uma galinha vê cores –só sabemos que é bem mais intenso e, digamos, psicodélico.


Por que a evolução deixou o olho da galinha assim? É uma boa pergunta. As respostas passam pela importância das cores para ela –pense, por exemplo, na plumagem colorida dos parceiros sexuais.





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

O que você gostaria de ter para mistura no almoço de hoje? Qualquer que seja a carne escolhida, é grande a probabilidade de que no cardápio entre uma boa dose de antibióticos.


Quem optar por salmão, na esperança de comer algo mais saudável, cheio de ômega-3, corre o risco maior. Quase todo o volume desse pescado consumido fresco no Brasil vem das fazendas de aquicultura do Chile, onde já se mediram 1.400 mg de antimicrobianos por quilo de peixe.


Supondo que o filé seja generoso, aí na faixa de 200 g, a pessoa poderá ingerir até 280 mg de algum antibiótico da família das quinolonas. Para comparar, cápsulas do antibiótico ciprofloxacina –aquele que virou moda na histeria do antraz, em 2001– têm 250 mg ou 500 mg.


É como se cada refeição viesse com um ou dois comprimidos de lambuja. Só que as quinolonas que combatem as doenças do salmão em cativeiro figuram entre os antibacterianos mais tóxicos para humanos.


Tarja preta –é o que temos para hoje. Mas saiba que o salmão norueguês pode ter, em média, um décimo da carga antimicrobiana dos chilenos.


O teor de antibiótico nas outras carnes costuma ser bem menor, mas nem por isso inofensivo. A melhorzinha, quem diria, é a vilipendiada carne bovina, com a média de 45 mg/kg. Depois vem o frango, com 148 mg/kg. O campeão de sangue quente é o porco, com 172 mg/kg.


Cabe ressalvar que se trata de estimativas para a média do mundo todo, tal como foram apresentadas no artigo "Tendências Globais no Uso de Antimicrobianos em Alimentos Animais" (http://ift.tt/1BXxZvG), publicado há uma semana na "PNAS", revista da academia de ciências dos EUA.


No Brasil, é possível que seu bife venha com bem menos remédio. A pecuária bovina por aqui ainda é em grande medida extensiva, com o gado criado no pasto e não em confinamento. O uso de antibióticos é mais comum em vacas leiteiras, para prevenir e tratar mastites.


Em galinhas e porcos, o antibiótico ajuda a ganhar peso, não se sabe bem por que. Parece lógico que animais sujeitos a menos infecções engordem mais. Mas também é possível que a droga regule a flora intestinal dos bichos e favoreça um microbioma propício à absorção de nutrientes.


O ganho do produtor, porém, é o pesadelo da medicina. Como o consumo de antibióticos na pecuária já excede o uso terapêutico em humanos, há quem responsabilize a criação de animais pelo crescimento alarmante da resistência de bactérias às drogas que deveriam matá-las.


Essa é a razão pela qual os antibacterianos passaram a ser tão controlados nas farmácias, com receituário especial, retenção da receita etc. O uso indiscriminado de antibióticos e a interrupção do tratamento favorecem o aparecimento de cepas de bactérias que sobrevivem à droga, por ter algum tipo de resistência prévia a ela.


É um dos melhores exemplos da força da seleção natural em seu sentido darwiniano (embora nessa caso, rigorosamente falando, a seleção seja artificial). Com o tempo, as cepas resistentes se tornam dominantes, e os antibióticos se tornam inúteis para combatê-las. Um perigo crescente em hospitais, assim como na contaminação de carnes processadas em escala industrial.


Um dos micróbios mais temidos é o Staphylococcus aureus resistente a meticilina ou a oxacilina, cepas também conhecidas pelas abreviações em inglês MRSA e ORSA, respectivamente. Popularmente chamadas de bactérias devoradoras de carne, elas causam uma infecção quase incurável que se propaga pelo tecido subcutâneo, a fasciíte necrosante.


O abuso e o mau uso de antibióticos configuram um caso de manual do feitiço que se volta contra o feiticeiro. Um grande bônus para a humanidade, surgido com a popularização da penicilina há apenas sete décadas, contribui agora para o surgimento de moléstias graves e intratáveis.


Embora o consumo de antibióticos recue em alguns países que adotam controles mais fortes, como na Europa, no mundo todo ele vai seguir aumentando. No Brasil, por exemplo, a tendência da pecuária é se expandir, para atender a demanda da China e de outros países, e intensificar-se, com provável aumento do recurso aos antibacterianos.


O estudo da "PNAS" projetou, com base nessa tendência para a intensificação da pecuária em países de renda média e no crescimento da população e da demanda por proteína animal, qual seria o provável aumento no uso de antibióticos.


É assustador: de 63,2 mil toneladas em 2010, calcula-se que chegue a 105,6 mil toneladas em 2030. Um incremento total de 67%, à taxa anual composta de 2,6% – muito acima do ritmo de crescimento da população global, que deve ficar em torno de 1% ao ano..


É muito provável, com tanto antibiótico rolando por aí, que o fenômeno da resistência bacteriana se multiplique e se espalhe pelo mundo. Pense bem nisso antes de encurtar o tratamento de sua infecção ou de decidir o que vai comer daqui para frente.





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

O céu voltará a ser visto em estado puro, limpo e repleto de estrelas como se todas as luzes em um raio de 100 km estivessem apagadas. Os planetários do Carmo e do Ibirapuera reabrem em junho deste ano.


O anúncio foi feito neste mês pelo prefeito Fernando Haddad (PT), durante encontro com empresários na praça das Artes, no centro. Antes, a entrega era prevista para o segundo semestre do ano passado.


Os espaços do Carmo e do Ibirapuera, localizados nos parques homônimos, estão fechados desde 2013. O primeiro, na zona leste, suspendeu as atividades por problemas no prédio. O segundo, na sul, após ser atingido por um raio que afetou a rede elétrica.


Neste mês, por 12 dias, dois engenheiros alemães e dois técnicos brasileiros efetuaram reparos no coração dos planetários: os projetores centrais astronômicos.


"Está tudo novinho, zero bala", diz Luiz Sampaio, diretor da Omnis Lux, empresa que representa no Brasil a fabricante dos aparelhos.


"Dentro de cada um deles há 9.000 fibras ópticas, que projetam 9.000 estrelas visíveis a olho nu da terra", explica Sampaio.


Os equipamentos permitem reproduzir o céu observado há milhares de anos, em qualquer dia e de qualquer ponto do planeta. O mesmo vale para o futuro.


A fotografia desta reportagem, feita pela sãopaulo no planetário do Ibirapuera, retrata o céu à 1h41 deste domingo (29), visto de São Paulo sem poluição luminosa.


Com os projetores recuperados, a prefeitura inicia nesta semana as obras físicas nos prédios, segundo Ricardo Figueiredo, secretário-adjunto da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.


"Tem de fazer impermeabilização, revisão nas redes elétrica, hidráulica e de transmissão de dados, modernização do sistema de ar-condicionado e retoques em geral", afirma Figueiredo, que conheceu o planetário do Ibirapuera na infância, na década de 1970, quando pensava em ser astronauta.


Os espaços ganharão lojas para a venda de suvenires, como camisetas e miniplanetários, e exposições sobre o universo e temas ambientais. Além disso, voltarão a ser utilizados em aulas da Escola Municipal de Astrofísica.


Detalhes sobre regras, ingressos, e horários de visitação ainda serão definidos, de acordo com Figueiredo. Ao todo, as reformas nos planetários consumirão R$ 6 milhões.


















Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

"Há mais bactérias em nossos corpos do que estrelas em nossa galáxia", filosofa Tal Danino, 32, bioengenheiro americano do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Ele fez desses micro-organismos sua fonte de inspiração pelos últimos dez anos, seja para tratar câncer ou fazer arte.


Primeiro, o câncer: sua pesquisa mais recente mostra como uma bactéria geneticamente modificada e administrada via oral é capaz de detectar câncer de fígado –mudando a cor da urina– e até de diminuir o tamanho do tumor.


"Hoje em dia, podemos programar bactérias da mesma forma como fazemos com computadores –podemos escrever e imprimir DNA", disse Danino. As bactérias que ele "programou" produzem uma proteína fluorescente, criando o que ele apelidou de "supernova", devido à explosão de cores.


Na nova plataforma para diagnosticar câncer, utilizada com sucesso em ratos de laboratório, Danino e sua equipe do MIT usaram probióticos E. Coli da cepa nissle 1917 (EcN) para encontrar metástases de câncer em até 24 horas, colonizar esses tumores e produzir enzimas que mudam a cor da urina.



"Descobrimos que a bactéria cresce dentro do câncer de fígado, talvez por haver uma grande quantidade de sangue que vem do intestino para o fígado", diz Danino à Folha.

"Como o sistema imunológico não tem acesso ao tumor, significa que a bactéria pode se esconder lá e crescer rapidamente, produzindo moléculas que mudam a cor da urina do paciente."


No caso, o xixi do paciente do câncer fica cor-de-rosa.












Editoria de Arte/Folhapress
Bactéria detecta câncer

Em outro experimento, o tumor atingido pelas bactérias chegou a encolher –mas esse fenômeno ainda precisa ser melhor estudado pelos cientistas e está longe de se tornar uma técnica médica.


"É uma tecnologia muito poderosa. A principal vantagem é que a bactéria vai especificamente para o tumor. A quimioterapia, por exemplo, vai para todos os lugares do corpo, ataca todas as células que crescem rapidamente, como as do intestino e do seu cabelo."


O MIT tem as patentes das bactérias mutantes. Estima-se que tornar as drogas comercializáveis para humanos tomará ao menos dez anos e US$ 1 bilhão.


BACTÉRIAS NO PRATO


Enquanto esse dia não chega, Danino vai ampliando sua produção em outro campo: as artes visuais.


A responsabilidade por isso é em boa medida do artista brasileiro Vik Muniz.


Eles se conheceram no próprio MIT, quando Muniz procurava maneiras de fazer arte com cientistas.


A parceria com Danino rendeu a série "Colonies", fotografias maximizadas de bactérias e células de câncer, expostas em diversas cidades, incluindo São Paulo em 2014, na galeria Nara Roesler.


Neste ano, os dois criaram pratos para a firma francesa de porcelana Bernardaud. O jogo com sete pratos, um deles com uma imagem ampliada da bactéria Salmonella, custa US$ 550.


"Fazer arte com câncer pode parecer uma ideia maluca, é uma palavra assustadora", disse Danino, que tem uma irmã que sofreu da doença. "Mas queríamos dar um tipo de perspectiva, ser otimista com o futuro das pesquisas de câncer, com as novas tecnologias."





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

"Ergue os olhos para o céu e conta as estrelas, se as podes contar. Assim será a tua posteridade." A promessa, que teria sido feita pelo próprio Deus a Abraão, ancestral lendário dos judeus (e dos árabes), funciona como uma espécie de "certidão de nascimento" da fé judaico-cristã. Mas também vale como microcosmo de um fato surpreendente: várias das narrativas mais importantes da Bíblia adotam uma perspectiva profundamente darwinista.


Ao afirmar isso, refiro-me em especial ao Antigo Testamento, ou Tanakh, como dizem os judeus de hoje. E, quando falo em darwinismo, é óbvio que não estou querendo dizer "sobrevivência dos mais fortes", "guerra de todos contra todos" e outras bobagens normalmente usadas para distorcer a teoria da evolução.


Na verdade, uma das chaves do pensamento de Darwin é a importância do sucesso reprodutivo diferencial, ou seja, da capacidade de alguns organismos se reproduzirem com mais eficiência do que outros (os meios para isso não precisam ser violentos nem maldosos). Ora, até uma leitura casual dos textos bíblicos é suficiente para mostrar que essa é a principal preocupação de Deus e dos homens na narrativa.


De fato, é justamente a promessa de deixar uma descendência numerosa, e não uma vaga esperança de eternidade no céu, que leva Abraão a deixar sua terra natal na Mesopotâmia e rumar para o atual território israelense-palestino (e isso numa fase da vida em que tanto ele quanto Sara, sua mulher, já idosos e sem filhos, tinham abandonado as esperanças de ter algum sucesso reprodutivo).


Nas gerações seguintes, as principais dores de cabeça dos filhos e netos de Abraão não têm a ver com a falta de água para os camelos, mas com problemas de fertilidade e, como diriam os biólogos de hoje, investimento parental (ou seja, o quanto os pais "gastam" com os filhos, considerando o "retorno" em descendentes que provavelmente terão).


As mulheres de Jacó disputam tanto a atenção do marido quanto a honra de gerar o maior número possível de meninos (numa sociedade que permite a poligamia, filhos homens são a principal receita para o sucesso reprodutivo elevado). Aliás, Jacó só acabou se casando com as irmãs Lia e Raquel porque Labão, o pai das moças, sabendo que a primeira não era muito bonita, enganou o patriarca para que ele pensasse estar levando a bela Raquel para a cama na noite de núpcias (é o clássico caso do genitor que não quer desperdiçar seu investimento parental).


Quando a família de Jacó (também conhecido como Israel) se fixa no Egito, é a sua fertilidade superabundante que acaba desencadeando o drama do Êxodo: após algumas gerações, eles se multiplicam a tal ponto que os egípcios passam a temer que os israelitas assumam o controle do país – não é para menos, já que, a essa altura do campeonato, os descendentes de Abraão e Sara somariam 600 mil homens adultos, sem incluir na conta mulheres e crianças. Não por acaso, o faraó contra-ataca ordenando o afogamento dos bebês do sexo masculino. Teria dado certo se a filha do rei não resgatasse do Nilo um bebê chamado Moisés.


A centralidade da reprodução em toda essa saga é tamanha que, quando alguém tem de fazer um juramento especialmente solene, o costume não é jurar por Deus, mas pondo a mão "debaixo da coxa" um eufemismo para, bem, o órgão sexual masculino, visto como a fonte da fertilidade.





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

Oceanos cobertos de gelo parecem ser bastante comuns no Sistema Solar, e um deles, numa pequena lua de Saturno, parece ter temperatura elevada.


Na revista "Nature", cientistas relataram ter encontrado evidências da presença de espiráculos hidrotérmicos em Encélado, uma lua de Saturno, com temperaturas de mais de 90°C em seu núcleo rochoso.


Se for confirmada, a descoberta fará de Encélado o único lugar, além da Terra, onde sabe-se que ocorre reações químicas entre a rocha e a água aquecida, fazendo desse satélite um lugar promissor para procurar vida.


"O mais surpreendente é a alta temperatura", disse Hsiang-Wen Hu, da Universidade do Colorado, principal autor do estudo.


Em artigo no "Journal of Geophysical Research: Space Physics", outra equipe relatou sinais de outro oceano recoberto de gelo, em Ganimedes, a maior das luas de Júpiter. Cientistas já estão convencidos da existência de um grande oceano, também coberto de gelo, em outra lua jupiteriana, Europa. A nave Galileo, da Nasa, também encontrou indícios de água oculta em Ganimedes e em mais uma das luas de Júpiter, Callisto.


Feitas com o Telescópio Espacial Hubble, as novas pesquisas condizem com indícios anteriores. Christopher P. McKay, da Nasa, a agência espacial dos EUA, comentou: "É maravilhoso sair para o Sistema Solar exterior e encontrar água, água em toda parte".


No caso das descobertas sobre Encélado, Hsu e seus colegas basearam suas conclusões em partículas de poeira que a nave Cassini, da Nasa, encontrou depois de entrar na órbita de Saturno.


Instrumentos determinaram que as partículas tinham alto teor de silício, mas pouco ou nada de metais como sódio ou magnésio.


Hsu disse que a poeira provavelmente é sílica, molécula feita de um átomo de silício e dois de oxigênio e que está à base do mineral quartzo. Experimentos mostraram que água alcalina, aquecida a até 90 graus, pode produzir partículas de sílica.


O que não se sabe é como o interior de Encélado, que tem apenas 504 quilômetros de largura, fica tão quente assim.


As evidências anteriores da existência de um oceano em Ganimdes vêm de medições magnéticas feitas durante voos da sonda Galileo, que indicaram a presença de uma camada condutora debaixo da superfície. O gelo não é um condutor, mas a água salgada, sim. Entretanto, as leituras também poderiam ser explicadas por anomalias no campo magnético de Ganimedes.


Na nova pesquisa, o telescópio Hubble observou as luzes tremeluzentes das auroras de Ganimedes.


Quando Júpiter completa cada rotação, a cada dez horas, a mudança de seu campo magnético leva as auroras a oscilar. Simulações computadorizadas mostraram que, se Ganimedes fosse congelada, suas auroras oscilariam seis graus. Mas os sais de um oceano debaixo de gelo gerariam um campo magnético que neutralizaria esse efeito, e as auroras oscilariam apenas dois graus. As auroras oscilaram dois graus.


Agora os cientistas estão aplicando essa abordagem à lua Io, que não tem um oceano de água, mas pode possuir um oceano subterrâneo de magma que amorteceria a oscilação das auroras. Algum dia essa técnica pode ser empregada para explorar planetas que orbitam estrelas distantes.


Como lugar com possibilidades de abrigar vida, Ganimedes é menos promissora, porque seu oceano parece estar ensanduichado entre camadas de gelo. Já Encélado parece possuir todos os ingredientes necessários –calor, água líquida e moléculas orgânicas.





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

A regulamentação de profissões é um assunto complicado no Brasil. E apesar de envolver os interesses de pessoas de formação superior, é impressionante o escasso conhecimento de questões básicas sobre o tema. No início deste mês, por exemplo, a Câmara ... Leia post completo no blog





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

Está cada vez mais difícil ficar perdido na mata. Se uma pessoa for jogada num ponto aleatório em qualquer floresta do mundo, ela terá 70% de chance de conseguir sair da vegetação fechada andando menos de um quilômetro.


O número saiu de um estudo que compilou os mapas de fragmentação dos principais biomas do planeta e os experimentos sobre o que acontece nas bordas das florestas, onde a influência humana é ameaça à biodiversidade.


O problema dos pedaços isolados de floresta é que, quando são muito pequenos, não acomodam uma população mínima de certas espécies de animais ou plantas. Apesar de não serem contados como desmatamento, bordas de biomas podem perder de 13% a 75% de sua biodiversidade original.


"Um fragmento pequeno pode não conter número suficiente de indivíduos de uma espécie para que haja reprodução e manutenção da população", afirma Clinton Jenkins, do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), coautor do estudo publicado na revista "Science Advances". O trabalho foi liderado por Nick Haddad, da Universidade do Estado da Carolina do Norte.











Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

Florestas tropicais intocadas tinham tipicamente 90% da área dentro da zona de risco, situadas perto dos limites do ecossistema. Na Amazônia, esse número se reduziu para 75%, o que significa que ela ainda está em áreas relativamente contínuas, comparada à média mundial. Mas a mata atlântica, que foi quase toda destruída, só 9% das áreas remanescentes estão a mais de 1 km de distância da influência humana.


Na África subsaariana, praticamente metade da floresta que resta está em fragmentos, e no Sudeste Asiático, onde uma parte significativa das florestas fica em ilhas, a área vulnerável é grande.


O limite de 1 km não foi escolhido arbitrariamente. Experimentos longos como o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, operando desde 1979 no Amazonas, mostram que é nas bordas que ocorrem coisas como invasão de espécies, colapso do microclima e mudanças na composição de plantas. Nesse cenário, "a tendência geral é que o número de espécies presentes se reduza", diz Jenkins. Essa redução porém, não é linear.


DÍVIDA DE EXTINÇÕES


"Se você reduz pela metade o tamanho do de um fragmento de floresta, você reduz em cerca de 10% o número de espécies", explica o ecólogo. "Se você corta 90% de uma floresta você perde metade das espécies, e para os 10% restantes, cada pedacinho que você corta tem um impacto maior na biodiversidade."


Experimentos indicam, porém, que populações de alguns animais e plantas demoram a sumir, e muitos fragmentos florestais ainda tem uma "dívida de extinções".


"Se restaram dois papagaios dentro de um pedaço de floresta, eles podem viver por muito tempo, mas isso não significa que eles poderão ampliar sua população", diz o biólogo americano.


A demora no pagamento da dívida de extinções sinaliza que ainda há tempo para salvar algumas criaturas dentro de pequenos fragmentos. Isso requer reflorestamento ou deixar que essas áreas sejam recolonizadas por mata secundária, o que é lento, caro e incerto.


A preservação de grandes fragmentos que já existem é, portanto, prioritária. Mas o Código Florestal, a legislação brasileira sobre cobertura vegetal, não favorece isso nem em sua encarnação antiga nem na nova versão, vigente a partir de 2013.


"A lei brasileira se concentra em um percentual de floresta que deve ser preservado em dada propriedade, mas às vezes isso resulta em pedaços isolados de floresta", diz Jenkins. "Não existe muito incentivo para proteger floresta que já esteja conectada a outras florestas, em vez de proteger a área mais fácil."





Por: Folha de S.Paulo - Ciência - Principal

Estado que abriga a maior floresta equatorial do planeta, o Amazonas reduziu quase pela metade o orçamento da secretaria de Estado de Meio Ambiente, cortou 30% dos funcionários da pasta e extinguiu órgãos de conservação ambiental.


O enxugamento desencadeou a ira de ambientalistas, que temem pelo futuro das 42 unidades de conservação estaduais – correspondentes a 12% do território de todo o Estado–, provocou a saída da titular da secretaria, Kamila Amaral, e também motivou um pedido de explicações do Ministério Público Federal ao governador reeleito, José Melo (Pros).


A secretaria de Meio Ambiente passou de 89 para 62 cargos comissionados, e o orçamento da pasta caiu de R$ 17 milhões em 2014 para R$ 9 milhões em 2015.


Entre os órgãos extintos (foram 8 de 12 departamentos), estão o Centro Estadual de Unidades de Conservação e o Centro Estadual de Mudanças Climáticas. Também foi extinta a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação


O plano faz parte de um pacote lançado por Melo, aprovado há duas semanas pela Assembleia Legislativa. O objetivo é economizar cerca de R$ 900 milhões.


A pasta dispõe de 57 pessoas para fiscalizar as 42 unidades de conservação –uma área total de 19 milhões de hectares, equivalente a oito vezes o Estado do Sergipe.


Já as áreas de conservação federais são de responsabilidade do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.


Antes mesmo dos cortes, um relatório do TCE (Tribunal de Contas do Estado), de 2013, já apontava insuficiência de recursos humanos e financeiros no monitoramento das áreas estaduais.


O risco imediato, dizem ambientalistas, é o avanço do desmatamento.


"Não concordo com essa resolução, e não teria condições de tocar essa agenda. O Amazonas já tinha um deficit operacional na área de meio ambiente, então o prejuízo será ainda maior", disse a secretária Kamila Amaral, que deixou a pasta do Meio Ambiente na sexta (20).


Segundo ela, com os cortes, a pasta ficará ainda mais dependente de verbas federais, convênios e órgãos internacionais. "Temos menos funcionários do que a média nacional com uma agenda muito mais robusta."


Durante a campanha eleitoral, José Melo e os outros seis candidatos ao governo do Amazonas assinaram um termo de compromissos socioambientais.


Com base neste documento, o Ministério Público Federal no Amazonas enviou carta a Melo cobrando explicações. A carta da Procuradoria fala em "retrocesso ambiental", além de apontar possível estelionato eleitoral.


Em nota, o governo do Amazonas diz que "a mudança na secretaria segue a lógica da reforma de governo, de dar mais eficiência com uma ma estrutura mais enxuta, sem comprometer as políticas ambientais em curso".


O governo também afirma que vai responder ao Ministério Público Federal no prazo estabelecido.





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