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[Flashback] Six Feet Under 1×04: Familia


Quando as pequenas coisas já não importam mais. Porque família é família.


MANUEL PEDRO ANTONIO BOLIN (1980-2001)


A ordem é uma das estratégias mais marcantes em Six Feet Under, o começo “aleatório” é a forma perfeita para o início de uma série com essa temática. Seguindo uns minutos anteriores à morte de um dos futuros clientes dos Fisher, temos uma morte comum e violenta que representa o cotidiano de muitos parecidos com a vítima (Paco) e em uma sequência excelente. A mensagem que o episódio passa é totalmente diferente do que o começo te leva a pensar.



Do you hate yourself that much?”



- Keith


Foi inegável que o incêndio da nova propriedade da Kroehner beneficiava muito os Fisher, os depoimentos na delegacia do Nate e da Brenda foram semelhantes, mas foi impossível não perceber uma certa leviandade nos relatos dela; revelar as preocupações do Nate aos detetives poderia até ser considerado desleal, mas como ela mesma disse, eles se conhecem há pouco tempo. A hipótese sobre a Claire foi bastante sensata, o jeito que ela contou sobre o incêndio foi engraçado e típico de seu estado atual. Entretanto Nate e sua teoria sobre Brenda também parece possível, compatível a ela.


Muitas das melhores cenas na série saem nas reuniões de novos clientes, o luto trás reações diferentes e as histórias contadas nos dão maior envolvimento com a vítima. Não só os clientes reagem diferentemente, o comportamento de David e Nate não poderiam ser mais opostos. O profissionalismo e desapego do David contrastam bastante com a empatia e bondade do Nate, a dupla consegue dar muito certo até o final da série e seguir o início deles, novamente, é simplesmente maravilhoso.


Federico é um dos personagens que apoiam discretamente o elenco principal e depois consegue fazer parte de algo muito maior. David foi arrogante em assumir que Rico saberia muito mais que ele sobre a criminalidade latina, foi o tipo de erro que David frequentemente comete e o diálogo entre eles foi muito bom pra mostrar como Rico se sente em relação aos problemas da sua vida particular e com os chefes novos. Ele foi imprescindível a um nível maior para esse funeral dar certo, ele passou muito sobre ele em suas poucas cenas e pareceu muito mais um sócio que um empregado.


Cada um dos personagens tem uma trama muito envolvente e interessante, é difícil escolher a que mais se destaca, ainda mais quando escolhem alternar o foco maior em um deles a cada episódio. David e Keith são um casal estável, mas muito diferentes, a insegurança e o medo de David pelo que os outros pensarão sobre ele é um incômodo para o Keith que é tão resolvido e autêntico; a situação no estacionamento ilustrou isso espontânea e absurdamente bem.


Os diálogos ilusórios com os clientes na preparação dos corpos são sempre bem aproveitados, parte do mesmo princípio das conversas com o Nathaniel Sr. O que preocupa David foi claramente explorado em tudo o que Paco lhe disse, a segurança do Keith é incompreensível pro David ao ponto de que ele acha melhor se esconder do que viver; é a mesma história sobre ele assumir o negócio da família e sua vontade de cursar direito. O personagem foi o que mais perdeu, o que mais cedeu para agradar ao pai e o que mais se prejudicou com isso e é mais um motivo para o ressentimento que ele passa em cada cena.


Brenda é um mistério desde sua primeira aparição, mas o engraçado é que não é tão difícil entendê-la com o passar do tempo. Ela é a pessoa que mais se modifica, ela amadurece em vários aspectos que no início pareciam impossíveis. Nate claramente investe mais nela do que o contrário, porém ela não consegue mais se distanciar ou fingir que não se importa com ele; seus motivos para tudo isso são os mais interessantes e legítimos, diferentemente do David. Ela tem um dom para analizar o Nate, ela o descreve como ninguém jamais fez em toda a série e é como se ele fosse transparente pra ela.


A sexualidade é julgada como sórdida, principalmente para pessoas como Ruth e David. A cena em que ela flagra Nate e Brenda no salão de serviços é incrivelmente constrangedora, mas é tão natural ao mesmo tempo. É hipócrita ela julgar Nate por sua conduta sexual livre e aberta quando ela cometeu erros quanto a isso também, David é muito semelhante à sua mãe nisso. Ao passo em que Nate nunca disse algo contra o caso dela com o cabeleireiro, Ruth se comporta como a maior puritana. Brenda fez bem em se explicar e se desculpar pela situação, mas não por ser quem ela é e Ruth apreciou isso.


Claire tem uma curiosidade natural e em sua maior parte, mórbida. Ela não queria desesperadamente distanciar-se da funerária como Nate, mas ela nunca mostrou interesse ou reconhecimento sobre os negócios de família. Quando ela desceu para observar o funeral de Manuel, a intenção dela era óbvia. A rebeldia da Claire é uma forma de chamar a atenção da mãe e dos irmãos, mas também é um desvio de quem ela realmente é. Ela achar ótimo que suspeitem dela no incêndio é claramente doloroso, mas um sucesso em seu objetivo de ser vista.


Em algumas questões os familiares são de difícil convivência, mas os Fisher conseguem superar todas as adversidades entre eles e se unirem como se nada houvesse acontecido. Ruth tem seus dilemas, mas ela sempre pensa no bem estar de cada um dos seus filhos – em especial Nate e David – tentando fazer o melhor para eles. Foi engraçado ela conceder o investimento fazendo alegoria a corrida de cavalos, ela fez como se não fosse nada e realmente foi tudo para a Fisher & Sons.


David foi muito bem trabalhado nesse episódio, toda a série tem uma construção incrível e maravilhosa e a reflexão que os protagonistas têm quando trabalham em um novo serviço é sempre uma nova oportunidade de aprofundar os personagens. A interação de David e Paco trouxe muito proveito ao Dave, quase o transformou em outra pessoa ao lidar com Gillardi e principalmente consigo mesmo. Foi engraçado o backup do Nate nessa reunião, em um primeiro momento foi estranho assistir o Dave enfrentando Gillardi como o fez e depois fez sentido. Uma boa tática compartilhada por verdadeiros sócios que tem a legítima irmandade.



I’m not gonna tell you that it’s all gonna be okay. But it just takes time. This is as bad as it gets”



- Nate


O encerramento do funeral Bolin foi absolutamente lindo, os problemas deixados de lado refletiram em todas as tramas do episódio – Brenda e Ruth, Rico e os Fisher, os Bolin e a gangue de Paco – e concluiu a mensagem que o roteiro passou. A união dos Fisher e o agradecimento dos amigos e família de Paco eram tudo o que Nate mais queria que se tratasse a Fisher & Sons, o toque humano e o sentimento. O luto é realmente um sentimento poderoso.


RIP 1: Brenda acertou muito em definir que o Nate canaliza a dor alheia. São vários os motivos que o fizeram fugir, mas esse é quase tão marcante quanto o medo dele pela mortalidade.


RIP 2: a caça funerais obcecada pelo David é uma personagem hilária para a descontração. A insistência dela em aparecer é muito estranha, mas realmente engraçada.


RIP 3: o obituário de cada um dos serviços da Fisher & Sons pode ser encontrado no site da HBO (US), dica do Filipe Degani.





Por: Série Maníacos

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