As vezes uma vilã é apenas uma vilã.
E tudo o que Cruella precisava para que eu passasse da imensa falta de vontade, para o início de uma relação mais amistosa, era mostrar suas verdadeiras cores. Confesso que quando Simpathy for the De Vil começou eu estava prestes a me transformar em um dragão, maior e mais enraivecido que a própria Malévoa em chá de bebê, mas tudo foi por um bom motivo e Once Upon a Time aparentemente encarou de frente o estigma de nunca criar uma vilã com motivações verdadeiramente malignas. Bateu de frente e nos mostrou uma versão bem medonha de como a Cinderela seria, se lhe fosse dada a oportunidade de se vingar da madrasta (que nesse caso era mãe mesmo).
Estamos cada vez mais próximos da reta final. OUAT caminha a bons passos para a conclusão de seu quarto ano, que começou bem frio com o arco Frozen, mas encontrou seu ritmo com a chegada da Tia Sorveteira. Já agora, na sua segunda metade e com a promessa das vilãs mais terríveis do oeste mundo encantado, finalmente nos foi entregue uma verdadeira mulher desprezível, que desde criança só queria uma coisa: Tocar o terror.
Vocês sempre me viram pontuando que a série nunca havia sido capaz de me fazer detestar uma de suas obras malignas. Regina mesmo me conquistou com o primeiro segundo em tela, Zelena com o primeiro banho de guache e Tia Sorveteira com o primeiro picolé de leito místico. Tá, o Peter Pan me deu uma ulcera, mas não por ser malvado, cheio de más intenções, ou perverso, mas por ter recebido um arco bem tedioso, mas não vou fazer vocês se recordarem do coração do verdadeiro crente, longe de mim. Agora, já próximo aos episódios finais, conheço a verdadeira Cruella, aquela mulher amarga que só queria capturar uns filhotes de cachorro e fazer deles peças de vestuário.
Quando assisti ao filme 101 dálmatas desenvolvi um grande pavor, um medo bem grande mesmo da Cruella. O rosto ossudo, a forma curvada e a risada maligna com os olhos vidrados enquanto dirigia seu carro até hoje me dão medo. E por uma maravilhosa ação dos roteiristas, OUAT me fez lembrar um pouco dessa personagem tão caricata e aterrorizante. Claro, sem os filhotes de cachorro e bem mais suave, a versão da série me convenceu sim de que Once Upon a Time é capaz, as vezes, de fazer uma vilã que só quer ser má, pelo prazer em ser má. Sem problemas com a família, sem o desejo de ser amada. Só uma menina que matou o pai e todos os maridos da mãe.
E é exatamente quando a série aceita seu deboche, que ela se torna tão mais interessante. Foi assim no episódio anterior com a revelação da Zelena, em um momento digno de novela mexicana, (só faltou a música da Usurpadora, mas vocês podem rever a cena e imaginar) dessa forma surpreendente que eu vi um brilho bem grande voltando para a produção que antes eu colocava no topo da minha watchlist e que hoje só está em uma posição favorável, por ainda conseguir passar episódios como Sympathy for the De Vil.
Sim, é exatamente como o título propôs. A série fez aquilo que ela já estava acostumada a fazer com suas antagonistas. Sempre somos levados a nos relacionar bem com as personagens, entendendo que o mundo é daquela forma, não existem pessoas más, existem pessoas que passaram por momentos ruins e que acabaram abraçando um lado menos colorido e mais triste. Porém, a própria série havia se esquecido que as vezes, existem sim pessoas com o coração negro e que só querem ter um único prazer, a alegria em ver os outros no chão. E eu gostei muito, amei o fato de ter sim me simpatizado com a De Vil, mas não pela sua história sofrida, pelo figurino enfadonho de seu flashback, ou pela história de amor não correspondido, mas por ela ser única e exclusivamente uma bitch.
E se já não estava claro o bastante que Emma acabaria, de certa forma, abraçando o ladro negro e crocante da força, a própria maquiagem da personagem já era um aviso bem grande. OUAT continua querendo nos fazer acreditar que as pessoas não são capazes de cometer erros e permanecerem “puras”. E fica aquela impressão bem forte de que, se Snow foi capaz de se reerguer após o rapto e possível assassinato de uma criança, a morte da Cora e por ter estragado a própria história, Emma também conseguirá reverter esse quadro crítico que se tornou sua versão nada heroica da salvadora. Porém, tudo o que eu quero é ver as coisas dando uma balançada. Mal posso esperar por ter a chance de assistir Emma abraçando seu lado vilanesco, com direito a final feliz para todos os bad guys de Storybrooke, Floresta Encantada e puxadinhos.
E olha, eu até que estou gostando da versão mais honesta da Emma. Ela foi sim a voz de todas as minhas percepções (e da de vocês também) neste episódio. Seus pais sempre foram a figura da bravura e da honestidade. Snow e Charming sempre gostaram de defender o fato de serem valorosos, amantes da verdade e dos bons costumes, verdadeiros representantes da família tradicional. E ouvir a Emma calando a Regina e o Hook com sua visão bem real dos fatos foi apenas a cereja no topo do bolo. É muito mais fácil perdoar o crime de pessoas que assumem seus erros, do que aceitar que seus próprios pais, modelos da justiça e da verdade, estavam mentindo e sequestrando crianças no passado. Pontos para a sensatez da Emma.
Agora só nos resta Malévola, e como já era esperado o próximo episódio será dedicado a sua filha, Lily, a menina ovo/dragão. Estou sim muito contente com a série, que engatou dois ótimos episódios e mostrou que consegue se desvencilhar de algumas regras (feitas por ela mesma) para surpreender e entreter. São momentos assim que me fazem ter a fé renovada com a equipe, mesmo já conhecendo o padrão adotado, com um começo lento e um final totalmente arrebatador (tá, não é pra tanto). E que a boa leva de episódios continue até o season finale duplo da operação Mangusto, Me gusta.
PS. A tinta mágica do Autor é capaz de alterar a história, mudar o destino, reescrever o futuro AND te dar uma renovada no visual, com direito a sobrancelha e tudo. E é por isso, amiguinhos, que vocês devem ficar longe de escritores, ou poderão terminar com a cara da Cruela.
PS². Uma mãe que cria dálmatas assassinos. Como se a pressão para o presente de dia das mães já não fosse grande o suficiente.
PS³. Emma, a salvadora que decidiu abdicar da maquiagem em prol da revolta. Viciada em heroína chick is the new black.
PS4. Cruella e Ursula usaram o ovo da Malévola, com a criança dentro, para permanecerem jovens por mais tempo. E vocês pensando que a piada do “comia ela e o bebê” era assunto de mal gosto. Processa elas, Mal.
PS5. Além do poder de controlar qualquer animal, mitológico ou doméstico, Cruella ganhou a habilidade secreta de esfolar cachorros e fazer casacos de pele sem precisar curtir o couro, ou algo do tipo. Agora vocês podem imaginar o cheiro agradável que aquele tapete tinha.
PS6. Belle fazendo a linha Leona, assassina e vingativa. Seria ótimo, se não fosse a Regina desde o começo.
PS7. Poder especial: Bafo de onça capaz de controlar até mesmo as onças. Patenteado by Cruella De Vil.
PS8. Eu não sei vocês, mas senti a Emma já soltando as asas malignas bem antes de dar o empurrão mágico da Nazaré na Cruella. Regina está indo para Nova York e a “amiga” lhe dá de presente uma arma. Põe a cara no sol do xilindró, mana. Bruxa bonita não se esconde, pega 10 anos de cárcere privado por matar a irmã.
PS9. Tema do casos de família balanço geral: Matou a irmã que se passava pela ex-mulher do ex-namorado, com três tiros. Criança em choque após testemunhar o ocorrido.
PS10. RIP sobrancelha bizarra da Cruella. E que forma horrenda de morrer, não é amores? Caída no chão, parecendo uma boneca de pano com um tapete horrendo de dálmata cobrindo seu corpo.
PS11 – Em forma de imagem, porque se tem uma coisa que eu não sou, é obrigado.
Por: Série Maníacos
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